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Igreja Presbiteriana do Brasil:

Igreja Presbiteriana do Brasil: 165 anos de um passado presente
 
Neste 12 de agosto a Igreja Presbiteriana do Brasil completa 165 anos. O pioneiro do presbiterianismo no Brasil, o Rev. Ashbel Green Simonton, registrou no seu Diário: “Sexta-  feira, 12 de agosto de 1859, 9h30 da manhã. Estou acordado desde as quatro da manhã observando as manobras para adentrar o porto contra o vento e a maré. É um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. […]. Desfiz-me de minha roupa de viagem, dando-a ao cabineiro em agradecimento pelos serviços que me prestou durante a jornada. Estou pronto para desembarcar”. Após o seu desembarque no Rio de Janeiro, Simonton resolveu, durante o período da tarde, cumprir alguns compromissos: entregou algumas cartas de apresentação e, posteriormente, encontrou-se com o cônsul. Nos seus relatos, expressou certa admiração com a variedade de opções de refeições. Ademais, achou interessantes alguns hábitos peculiares do Brasil. O Rev. Simonton era bastante jovem quando aqui chegou: apenas 26 anos. Era solteiro e chegou só. Somente no ano seguinte chegou o primeiro valioso colaborador, o seu cunhado Rev. Blackford. Posteriormente, chegariam também Schneider, Chamberlain e outros. Não foi fácil para o jovem pastor. Distante da sua terra natal, dos seus entes queridos e amigos, como se não bastasse, Simonton tinha dificuldades com a língua portuguesa. Seu trabalho missionário, no início, limitou-se aos estrangeiros. Porém, a sua perseverança o fez progredir na aprendizagem da língua. Finalmente, no dia 22 de abril, ele realizou uma escola dominical na sua própria casa, seu primeiro trabalho em português. Assim como normalmente acontece, os fatos históricos são sempre classificados em períodos ou fases, considerando as diferenças e as ênfases dadas em cada período, bem como a necessidade didática para compreensão da particularidade de cada época. A história do presbiterianismo brasileiro não foi e não é diferente. Encontramos algumas periodizações ou fases, como queiram chamar. Porém, resolvemos relatar o que geralmente é mais comum nos meios presbiterianos. O primeiro modelo de esboço que narra  a história da Igreja Presbiteriana do Brasil, que temos conhecimento, foi feito na década de 1950, pelo historiador da IPB, Rev. Júlio Andrade Ferreira. Na sua obra Galeria Evangélica: biografias de pastores presbiterianos que trabalharam no Brasil (1952), ele contempla cinco períodos: o primeiro ele denomina de Primeiros Esforços (1859-1869); o segundo ele chama de Expansão Missionária até a Organização do Sínodo Brasileiro (1869-1888); o terceiro ele classifica como Lutas Eclesiásticas no Seio do Presbiterianismo Brasileiro e a Formação da Igreja Presbiteriana Independente (1888-1903); ao quarto, ele se refere como Desde a Origem da Igreja Presbiteriana Independente até a Comissão de Modus Operandi (1903-1917); já o último e quinto período é tratado por Da Formação do Modus Operandi até a Campanha do Centenário (1917-1950). Depois dessa significante contribuição feita pelo Rev. Júlio, encontramos a continuidade desse esboço histórico feito pelo Rev. Alderi Souza de Matos, atual historiador da IPB, que não somente soube aproveitar as pesquisas anteriores, mas, a cada instante, quando necessário, tem feito as devidas atualizações dos momentos importantes da história da nossa igreja. O Rev. Alderi classifica oito períodos da IPB: 1º Implantação (1859-1869); 2º Consolidação (1869-1888); 3º Dissensão (1888-1903); 4º Reconstituição (1903-1917); 5º Cooperação (1917-1932); 6º Organização (1932- 1959); 7º Polarização (1959-1986); 8º Período Atual.
 
Voltando a nossa atenção para o início do trabalho realizado por Simonton, o certo é que, apesar de ele ter vivido tão pouco (1833-1867), indiscutível é a sua importância para a história do protestantismo de missão, e acima de tudo para o presbiterianismo brasileiro. Em outras palavras, o seu trabalho é de valor incalculável. Partiu o jovem Simonton, mas ficou o seu legado. Isto é, a fundação da Primeira IP do Rio de Janeiro, em 12 de janeiro de 1862, e a criação do Presbitério do Rio de Janeiro, instalado no dia 16 de dezembro de 1865 na cidade de São Paulo, o qual era composto por três Igrejas: Rio de Janeiro (1862), São Paulo (1865) e Brotas (1865). Foi legada ainda a criação do chamado Seminário Primitivo, cujas aulas tiveram início no dia 14 de maio de 1867 (Simonton foi um dos professores). Ele existiu por apenas três anos, mas formou os primeiros pastores de língua portuguesa. Finalmente, é possível citar ainda o lançamento do primeiro periódico protestante do Brasil, o jornal a Imprensa Evangélica, que circulou durante 28 anos. 
O Rev. Dr. José Roberto de Souza é o Curador da IPB na Região NE e Diretor do SPN
 
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra5451/vista-da-baia-da-guanabara-tomada-de-santa-teresa. Acesso em: 24 de julho de 2024.
 
Imagens:
Baía da Guanabara, 1850
Retrato do pioneiro, Ashbel Green Simonton, em releitura do artista presbiteriano Marcos Rodrigues
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